Dragagem e Desassoreamento: Protegendo Nossos Rios
29/08/2025
A Câmara Municipal de Porto Alegre promoveu recentemente o ciclo de debates “Navegar é preciso: nossos rios em debate”, que trouxe à pauta a dragagem e o desassoreamento de rios e canais navegáveis da Capital e do Rio Grande do Sul. A iniciativa, realizada em parceria com a Escola do Legislativo, reuniu representantes governamentais, Marinha do Brasil, universidades, clubes náuticos e iniciativa privada, com o objetivo de discutir soluções técnicas para a proteção das águas e o desenvolvimento da economia ligada à navegação.
O evento destacou a importância de um olhar integrado sobre os rios, considerando aspectos ambientais, socioeconômicos e a prevenção de enchentes, como as ocorridas em 2024. A presidente da Câmara, vereadora Comandante Nádia, ressaltou a necessidade de cada ente federativo assumir sua responsabilidade. A vice-prefeita Bettina Worm lembrou que, embora os municípios façam sua parte, a proteção contra cheias é responsabilidade do governo federal, devendo ser tratada com pragmatismo e ciência.
O vereador Giovani o Gringo, diretor da Escola do Legislativo e proponente do evento, reforçou que o desassoreamento é prioridade para a proteção contra enchentes. Segundo ele, é necessário olhar para o futuro, com ações rápidas e efetivas, unindo esforços da população, governos e iniciativa privada. Gringo também destacou a importância de estudos para a construção de reguladores de vazão e barragens estratégicas, garantindo a segurança hídrica e a preservação ambiental sem prejudicar os ecossistemas.
Principais Temas Abordados
• Proteção das margens e reflorestamento das matas ciliares;
• Manutenção da sinalização náutica e segurança da navegação;
• Licenciamento ambiental e desafios para dragagem fora de hidrovias portuárias;
• Perdas econômicas causadas pela falta de navegabilidade e interrupção logística;
• Necessidade de políticas permanentes de monitoramento e manutenção dos rios.
"Porto Alegre tem que trabalhar unida, garantindo que as águas corram de forma segura, sem prejuízos ambientais, e que nossa população tenha segurança e qualidade de vida." — Gringo
Contribuições Técnicas e Científicas
Elisete de Freitas (Univale Taquari): eventos climáticos extremos aumentam a força da água e causam destruição significativa.
Carlos Tucci (IPH-UFRGS): enchentes geram grande acúmulo de sedimentos, alterando a dinâmica dos rios.
Glauber Silveira (Feevale): proteção das margens, reflorestamento e cuidado dos banhados são essenciais para prevenção.
Fernando Meirelles (IPH-UFRGS): estruturas como a Usina do Gasômetro influenciam na sedimentação do Guaíba.
Marinha, FEPAM e DMAE
Mario Santos (Marinha): destacou a destruição de sinalização náutica por enchentes e eventos extremos.
Gabriel Ritter (FEPAM): reforçou avanços na agilização de licenças ambientais e desafios em hidrovias não portuárias.
Darcy Nunes (DMAE): explicou ações de enfrentamento da enchente de 2024, destacando medidas de proteção baseadas no histórico de 1941.
Coronel Evaldo Rodrigues Júnior (Defesa Civil): detalhou mudanças estruturais implementadas desde 2023, fundamentais para resposta rápida a cheias.
Dragagem, Assoreamento e Economia Azul
Ivo Lessa (Comitê Lago Guaíba): questionou a definição de órgãos responsáveis pelo licenciamento e monitoramento da remoção de sedimentos.
Laércio Thadeu (Sindicato Indústrias de Extração de Areia): defendeu participação ativa na dragagem do Guaíba, com aproveitamento comercial da areia.
Sandro Figueiredo (Portos RS): explicou a manutenção de canais de navegação e os gargalos ainda existentes, como o Canal da Feitoria.
Fernanda Barth (Desenvolvimento Econômico): destacou perdas econômicas devido à falta de navegabilidade e o impacto ambiental.
Sergio Luiz Klein (FIERGS-RS): ressaltou prejuízos na logística e transporte de mercadorias causados por enchentes.
Felipe Teixeira Neto (Ministério Público): defendeu política permanente de dragagem e monitoramento técnico contínuo.
Wilen Manteli (Hidrovias RS): criticou poluição e uso ineficiente de terrenos às margens do Rio Gravataí e defendeu a reformulação do porto de Porto Alegre.
João Pedro Wolff (Clubes Náuticos): destacou a importância econômica e social da manutenção dos leitos da bacia, com geração de empregos e movimentação de embarcações de recreio.
O ciclo de debates reforça que dragagem, desassoreamento e planejamento integrado são essenciais não apenas para prevenção de cheias, mas também para a economia azul, preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, garantindo que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estejam preparados para os desafios climáticos.