o lixo que produzimos entope bueiros, polui os rios, traz doenças e, pra piorar, custa caro demais? Em 2020, o Brasil gastou mais de R$ 30 bilhões só para lidar com o lixo. Se a gente soma o estrago no meio ambiente e na saúde, esse valor passa fácil dos R$ 90 bilhões em um único ano — estudos mostram que a crise do lixo chega a custar R$ 97 bilhões por ano ao país.
Imagina isso se repetindo por cinco anos seguidos. São centenas de bilhões indo embora, quando poderiam ser investidos em saúde, educação, transporte, saneamento.
Hoje, 38% dos resíduos no Brasil ainda têm destinação inadequada — ou seja, vão parar em lixões ou aterros controlados sem tratamento ambiental. Só 3% do lixo é reciclado.
Enquanto isso, na Europa, países como Suécia e Noruega transformaram quase todo o lixo em solução. Quase 100% do que antes era problema agora vira eletricidade e aquecimento para milhões de casas. Isso tem um nome: Waste to Energy, traduzindo, transformar lixo em energia renovável.
O mundo gera cada vez mais lixo. Em 2020, eram 2,13 bilhões de toneladas. Em 2050, serão 3,78 bilhões — um crescimento de 77%.
Desse total, quase metade é material orgânico (alimentos e podas) — o que poderia virar adubo, biogás e energia. O resto é reciclável: papel, plástico, vidro, metais. Ou seja, a maior parte do que chamamos de lixo, na verdade, é recurso.
Mesmo com avanços, 19,8 milhões de brasileiros não têm coleta regular de resíduos domésticos. No Norte, mais de 20% da população ainda fica sem esse serviço básico.
Sem coleta, esses resíduos vão parar em terrenos, rios, córregos, contaminando o solo, as águas e podendo chegar ao mar. É saúde pública e meio ambiente sendo colocados em risco todos os dias.
Dos resíduos coletados, 96% vão para disposição no solo, sendo 58% em aterros sanitários adequados e 38% em lixões e aterros controlados — que poluem o solo, as águas e a saúde da população. Apenas 4% é reciclado.
Agora pensem comigo: se nós aplicássemos a tecnologia de Waste to Energy aqui também, transformaríamos o problema em oportunidade. Em vez de pagar caro para lidar com o lixo, geraríamos energia, empregos e espaço para a cidade respirar.
Em Barueri (SP), a primeira usina desse tipo já está saindo do papel. Quando entrar em operação em 2027, vai processar 300 mil toneladas de lixo por ano e gerar energia limpa para mais de 320 mil pessoas.
Com incentivo, planejamento e participação da população, dá pra mudar tudo isso. Imagine um Selo Verde, em que cada bairro que separar corretamente o lixo ganhe desconto no IPTU. Bairros competindo para reciclar mais, população ganhando, cidade ficando limpa, meio ambiente agradecendo.
Enquanto isso, a China já tem mais de 600 usinas que transformam lixo em energia, e a Europa manda só 20% para aterros, reciclando mais de 40%.
Mas ainda dá tempo de virar o jogo. Só precisamos de visão, parceria, incentivo e da participação de vocês. Do lixão à energia limpa, do problema ao orgulho. Vamos fazer barulho, compartilhar essa ideia, cobrar essa mudança. Se a gente se mexer agora, a gente muda a história da nossa cidade.